Transcrição de canções do Elomar
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Vem João
trais as viola siguro na mão
pega a manduréba atiça os tição
carrega por terrêro os banco e as cadêra
e chama as minina prá rodá o baião
nós dois sentado junto da foguera
vamo fazê a nossa brincadêra e cantar
a lijêra, moda de lavação
em homenage ao nosso São João
e prá acabá com a saudade matadêra
você canta lijêra, canto moirão
você canta lijêra, canto moirão
ai meu São João, lá da aligria
ai meu São João, lá da aligria
a saudade cada dia mais me doi no coração
vem João
vamos meu bichin cantá o moirão
tem um bicho roeno o meu coração
cuano eu era minino a vida era manêra
não pensava na vida junto da foguêra
brincando com os irmão a noite intêra
sem me dá qui êsse tempo bom havera de passé
e a saudade me chegá essa fera
quem pensar que êsse bicho é da cidade
s'ingana a saudade nasceu cá no sertão
na bêra da foguêra de São João
ai meu São João, lá da aligria
ai meu São João, lá da aligria
a saudade cada dia mais me doi no coração
FUNÇÃO foi composta em 1968; no dia em que nasceu
João Ernesto, o segundo filho de Elomar, reflete
uma evocação à beira da fogueira. No nordeste,
principalmente no interior, como é o caso da
Bahia, o São João e o ciclo junino, de um modo
geral, são cultivados ainda com a pureza e
tradição transmitidas pela Península Ibérica.
A alegria, a nostalgia, e mesmo uma profunda
saudade dos tempos de infância são aqui
plenamente desenvolvidos.
"Mandureba" - cachaça ou pinga de 2ª qualidade
"lijêra" - gênero de cantoria antiga, já em
desuso no nordeste.
"Moirão" - gênero de cantoria em desafio; a
expressão é muito comum na obra de Elomar; pode
ser composto de 5, 6 e até mesmo 7 versos.
"rueno" - roendo
"cuano" - corruptela de quando.
"havera" - tradicionalmente usado pelos
catingueiros como: haveria.